domingo, 30 de setembro de 2012

Por que defendemos o voto nulo programático? Por que não chamamos o voto na frente de esquerda?

A classe operária, os camponeses, estudantes e o funcionalismo público já deram demonstrações da capacidade de luta e mobilização contra as condições de exploração a que estão submetidos e contra as medidas de ataque dos governos Dilma Rousseff (PT), estaduais (como, por exemplo, o governo Jaques Wagner) e municipais, em defesa de melhores condições de vida e trabalho.
O PT, partido que nasceu das lutas sindicais do final da década de 1970 e início dos anos 1980, se tornou um partido da ordem burguesa e, hoje, governa para os capitalistas (industriais, comerciantes, banqueiros, financistas, latifundiários e agroindustriais). Se adaptou completamente ao Estado, ao parlamento, às eleições e à democracia capitalista, mantendo a frente do Estado o direito de propriedade privada, atendendo às necessidades e interesses da classe dominante do país e das multinacionais. Não à toa o PT recebe financiamento dos capitalistas. As correntes que permanecem em seu interior (como O Trabalho-OT, Democracia Socialista-DS e correntes menores) nada mais fazem que se submeter ao eleitoralismo, às traições e ao reformismo petista, associando-se como membros minoritários à burocracia petista na CUT e na UNE.
Infelizmente, a burocracia incrustada nas entidades sindicais, dirigidas pelo PT e PCdoB, que foram responsáveis pela fragmentação do movimento grevista e atuaram no sentido da permanente conciliação com o governo de Dilma Rousseff (PT), contra o conjunto dos servidores federais, professores e estudantes, além das vacilações do reformismo (PSol) e do centrismo (PSTU– partido que vacila entre o marxismo e o reformismo), que demonstraram fraqueza e sucumbiram às pressões reformistas, colocando-se na contramão da ação direta das massas e dos métodos da luta de classes, determinaram o fim do movimento grevista. A tática de se dedicar ao processo eleitoral se sobrepôs à necessidade da luta pela educação pública, das condições de vida e trabalho dos servidores, estudantes. Não a toa, PSTU e PSol se esforçaram nacionalmente nas últimas semanas para por fim à greve dos professores. Se ainda a greve resiste, é em razão de parte da base que caminha na contracorrente das direções.
Terminada a onda de greves do funcionalismo público federal, que desmascarou o verdadeiro caráter burguês do governo Dilma Rousseff (PT), tão acobertado por correntes petistas e por parte das direções dos movimentos sociais, que apoiam e dependem dos recursos governamentais, chegou a hora de nos posicionarmos sobre as eleições.
O Partido Operário Revolucionário (POR) atuou onde foi possível (servidores federais, professores das Instituições Federais de Ensino e Estudantes) defendendo a unidade da classe operária, dos assalariados em geral, dos estudantes e dos demais explorados, no sentido de potencializar a luta em defesa das reivindicações elementares e da defesa da universidade pública, gratuita, laica, em que fosse concretizada a relação teoria e prática.
O POR é claramente um partido marxista-leninista-trotskista, portanto, luta pela destruição do capitalismo e pelo socialismo. Diferentemente de partidos como o PSol, PSTU e PCB, não deposita qualquer ilusão nos métodos criados pela classe dominante, isto é, o parlamento, as eleições, a democracia e o Estado burguês. As instituições burguesas servem à manutenção da dominação de classe sobre o proletariado e demais explorados.
Porém, como leninistas, não defendemos o voto nulo por princípio. Utilizamos a democracia, o parlamento e as eleições burguesas como tribuna revolucionária. Sabemos que a intervenção dos revolucionários no processo eleitoral e parlamentar depende das condições da luta de classes e das próprias forças do partido revolucionário, enraizado nas massas. Nas condições de ilusões das massas na democracia, no parlamento, nos partidos e no governo burguês de plantão, os revolucionários são obrigados a intervir no processo eleitoral e aproveitar as condições para difundir as posições revolucionárias, defender as condições vitais e reivindicações do proletariado e demais oprimidos contra a sanha capitalista e a estratégia da revolução e ditadura proletária como saída para a crise monumental do capitalismo e para a superação da exploração do capital sobre o trabalho.
Partindo das condições elementares de vida e trabalho das massas, de suas reivindicações mais simples, como educação, emprego, saúde, terra, salário vital, devemos fazer uma ponte com a estratégia de destruição do capitalismo e constituição do socialismo, pela via da revolução proletária. Se a intervenção nas eleições, no parlamento e na democracia burguesa não cumpre essa finalidade, acaba servindo apenas como enfeite e reforço das ilusões democráticas das massas no domínio dos capitalistas.
Mas, o que fazem exatamente as correntes e partidos da Frente de Esquerda em todos os estados e municípios em que atuam? Primeiramente, a Frente de Esquerda é resultado de acordos de cúpula entre os partidos e não da discussão aberta e coletiva com todas as correntes, quer tenham influência eleitoral ou não. O que vale para PSTU e PSol é se os partidos e correntes são legalizados e têm alguma influência eleitoral. Em Natal (RN), o POR participou da discussão da Frente de Esquerda com PSol, PSTU e independentes. Propusemos que o debate sobre o programa fosse coletivo em plenárias abertas. O PSTU, acostumados aos acordos de cúpula com PSol, não aceitou e rompeu com a discussão. O PSol, ao final, sucumbiu ao PSTU, pôs fim ao debate da frente e compôs finalmente um acordo de cúpula com PSTU, com consignas rebaixadas, adaptadas ao eleitoralismo e às promessas de campanha.
O POR não se submete às imposições da legislação burguesa para fins eleitoralistas, como fizeram o PSol, PSTU e PCO, que tiveram de conciliar o que resta de suas posições com os princípios de manutenção do Estado de Direito dominante, deformando completamente o programa, a estratégia e tática marxista. O pior é que fazem tudo isso em nome do marxismo, confundindo, dessa forma, a vanguarda e demais ativistas socialistas. Cada vez mais, essas correntes se afundam no eleitoralismo e defendem posições cada vez mais rebaixadas.
Como os demais partidos da ordem burguesa (PT, PSDB, PMDB, PDT, PP, PSB etc.), PSol e PSTU tentam passar a posição equivocada e antimarxista de que é possível superar as profundas contradições da sociedade capitalista e as condições de miséria, de exploração e de fome das massas exploradas através de parlamentares eleitos, de prefeitos, vereadores e presidentes que constituam um governo dos trabalhadores, saído das eleições e apto a concretizar as aspirações das massas exploradas no âmbito do Estado e das instituições burguesas. Com isso, ao contrário do que pensam, apenas reforçam as ilusões das massas na democracia burguesa.
Não resta qualquer opção ao POR a não ser defender o voto nulo programático, que significa chamar os oprimidos a se colocarem contra o circo eleitoral burguês em defesa do programa revolucionário e da vida das massas proletárias e exploradas. Não podemos depositar qualquer ilusão na democracia, no Estado, no parlamento e nas eleições burguesas, porque servem unicamente para manter as atuais condições de miséria e exploração das massas. Devemos apostar nas nossas próprias forças, na mobilização, na organização e na luta dos explorados, que, através das suas experiências e lutas, avançam na consciência política de classe e se chocam com o poder dos governos e do Estado. Só assim poderemos avançar na luta pelo socialismo e nos diferenciarmos das correntes que se submeteram ao eleitoralismo.
CHAMAMOS AS DEMAIS CORRENTES, QUE SE REIVINDICAM DO SOCIALISMO E DA LUTA DE CLASSES, A COMPOR UM COMITÊ PELO VOTO NULO, COM DEBATES, PANFLETAGENS E MOBILIZAÇÕES, NO SENTIDO DE DEFENDER AS REIVINDICAÇÕES DOS EXPLORADOS E A REVOLUÇÃO SOCIALISTA!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Balanço preliminar do XXXIV ENESS

Nós da Corrente Proletária Estudantil/POR, a partir da atuação no XXXIV ENESS, avaliamos que a estrutura de discussão burocratizada montada pela direção da Enesso (Levante Popular/Consulta Popular, Juventude Comunista Avançando/prestistas, PSOL) não garantiu um debate politizado sobre as tarefas urgentes do MESS diante dos ataques do governo antinacional e antipopular de Dilma e dos efeitos da crise econômica mundial que já começam a atingir os trabalhadores e juventude do Brasil. Enquanto a crise econômica avança a passos largos, o movimento estudantil de serviço social expressou no encontro a crise de direção política que tem desviado os trabalhadores e a juventude combativa da luta pelo fim do capitalismo e construção do socialismo.
 
As discussões sobre como organizar a luta contra a mercantilização do ensino e combater a brutal exclusão da juventude do ensino superior foi abafada por discussões distracionistas e prejudicada pelas várias horas de atraso para o início dos GDs e plenárias. A direção cometeu o absurdo de separar as discussões entre escolas públicas e privadas, justificando as especificidades de pauta de reivindicação o que prejudicou a organização e a discussão da luta unitária contra o elevado grau de privatização do ensino superior que já chega a quase 90% do setor. Devido ao descaso com as deliberações, as plenárias finais foram realizadas de forma apressada, levando à aprovação de resoluções contraditórias, dificultando sua implementação. É urgente aprovar de fato um programa revolucionário para a ENESSO, que combine a luta pela educação e contra as opressões com a luta pelo fim do capitalismo.
As Correntes presentes (Levante/Consulta Popular, UJC/PCB, ANEL/PSTU, Nova Democracia/ maoistas, etc.) se dissolveram no "programa" do projeto ético-político da profissão do assistente social, subordinando o movimento estudantil a um programa liberal e reformista e bloqueando o debate sobre um programa proletário para intervir nas universidades. Assim, todas se mesclaram na defesa da qualidade como eixo central, assim como dos 10% do PIB para a educação e Universidade Popular. Nenhuma disputa programática foi travada por estas correntes, apenas a disputa aparelhista. A ANEL (PSTU e os simpatizantes da LER-QI), por exemplo, se apegava a picuinhas organizativa para confrontar a atual direção (Consulta, UJC, JCA e PSol) e preparar para disputar os cargos na direção, sem sucesso.
A eleição da chapa única, composta pela JCA e independentes com apoio do PSol, se deu após ser apresentada ao plenário sem debate. Houve 156 votos favoráveis e 54 abstenções, indicando um elevado índice de rejeição. Esta direção manterá uma política ambígua, favorecendo o governismo no movimento estudantil. Diante disso, a tarefa urgente para o próximo período é politizar o debate nas escolas, realizar plenárias, assembleias, unificar os estudantes das universidades públicas e privadas, criando condições para um próximo ENESS que imponha à direção a necessidade de respeitar a democracia interna, garantindo e priorizando os espaços de debate e deliberação coletivos. Será fundamental retomar a elaboração dos cadernos de teses, para que as diferentes posições existentes no MESS sejam colocadas francamente. Mais do que isso, coloca-se a necessidade de passarmos a eleger diretorias proporcionais, em que as posições políticas presentes no evento sejam representadas na diretoria, fazendo com que as deliberações coletivas de fato sejam encaminhadas e não só aquelas que agradam à diretoria eleita.