12 de maio de 2011
Nota do POR/Corrente Proletária Estudantil sobre sua retirada do acampamento na Câmara Municipal de Natal
As mobilizações que culminaram na ocupação da Câmara Municipal de Natal tiveram sua origem nas insatisfações da juventude com sua situação de opressão. As últimas manifestações de rua começaram na luta contra o aumento da passagem de ônibus. Rapidamente, o PT - com a colaboração do PSTU- no Fórum de Luta Contra o Aumento da Passagem, secundarizando a luta pelas reivindicações, transformou-a numa bandeira eleitoral pelo ''Fora Micarla''. Essa orientação tem o objetivo de desgastar a gestão de Micarla (PV) para preparar a campanha de Fernando Mineiro (PT) em 2012.
A ocupação da Câmara Municipal foi fruto da luta numa conjuntura de ataque à vida dos trabalhadores e estudantes. A ocupação se converteu em trampolim eleitoreiro para as manobras parlamentares do PT e seus interesses escusos. Todo movimento de luta pelas reivindicações estudantis foi transformado em esteira para os interesses do PT, sobretudo para pressionar a aprovação da Comissão Especial de Investigação (CEI) dos Aluguéis pela via da pressão institucional. Caracterizamos que a CEI não é a bandeira de luta do movimento, mas uma manobra eleitoreira do PT.
A recente mobilização do dia 09/06, que foi mobilizada pelas redes sociais deixava claro que seria para fortalecer o acampamento na Câmara Municipal e que ao chegar o movimento faria um ato no pátio. Os manifestantes que percorreram o ato todo tempo gritavam “ocupar e resistir” essa era a intenção da juventude. No entanto, ficou claro qual foi o rumo e o caráter que a burocracia impôs, ao impedir que os estudantes entrassem na Câmara Municipal. Internamente a burocracia fez uma reunião de cúpula para decidir como impedir os manifestantes de entrarem na Câmara sob a justificativa de que não havia espaço, e que os manifestantes poderiam causar danos ao patrimônio público. O fechamento das portas e a caixa de som na entrada tinham como objetivo a dispersão. E conseguiram. A principio o PT sustentou que os menores de idade não poderiam participar da ocupação e que o restante entregaria os nomes e o RG, que todos que entrassem deveriam entregar suas bolsas para ser revistada pela guarda e por ultimo só poderia entrar na Câmara quem estivesse portando uma fita no braço.
O objetivo do PT é promover uma ocupação ''pacifica e ordeira'' com poucos manifestantes, respeitando as ''regras da Casa'' com fim de pressionar os vereadores para aprovar a CEI e trabalhar no desgaste eleitoral da gestão de Micarla. Diante da possibilidade de repressão e desocupação o PT defendeu uma ''resistência pacífica'', estariam dispostos a serem ''espancados até a morte'' mas não esboçariam nenhuma atitude de autodefesa.
Diante das manobras eleitoreiras de aprovar a CEI, transformar o movimento num trampolim para carreiristas, mudar o caráter reivindicatório e transformá-lo num apêndice das disputas de parlamentares burgueses como Sargento Regina (PDT) impedindo que os estudantes ocupassem a Câmara Municipal no dia 09/06, o Partido Operário Revolucionário (POR) se retira do acampamento para defender a organização da população nos seus locais de estudo, trabalho e moradia na luta por suas próprias reivindicações. Sabemos que a CEI nada tem a ver com as reivindicações dos estudantes e trabalhadores; que reforçar isso fortalece a política burguesa do PT de estatizar os movimentos sociais e canalizar as insatisfações da maioria para via da pressão parlamentar.
Hostilidade e democracia estudantil
Enquanto o POR era duramente hostilizado pelo PT, quando apresentava propostas, chamando a organização dos comitês, defendendo a convocação dos sindicatos e centrais para fortalecer o movimento; parlamentares como Sargento Regina/PDT que até ontem era denunciada em vídeos de como agia nos bastidores da câmara, tinha todo espaço para fazer demagogia política e recebia do PT aplausos calorosos. O que os unem com certeza não é a luta.
O papel da ANEL no acampamento
Em todas as circunstancias a ANEL manteve uma postura colaboracionista com o PT. Defenderam veementemente que todos deveriam entregar seus nomes, que os manifestantes não poderiam entrar, que deveria manter a “ordem”nesse mesmo espaço de corrupção, de propina e de ataque aos trabalhadores que é a Câmara Municipal. A atitude mais repugnante foi a presença da militante da ANEL na porta da Câmara Municipal no dia 09/06 escolhendo a critério do próprio dedo quem deveria ou não entrar no recinto.
O POR mantêm as mesmas propostas que desde o início apresentou quando do surgimento do movimento: que voltemos nossa luta para os bairros, escolas e locais de trabalho para que tenhamos um movimento forte e que conte com a participação dos movimentos organizados, sindicatos e da população. Com isso construirmos uma pauta de luta pelas reivindicações dos trabalhadores, juventude e desempregados.
Pelo passe-livre para estudantes e desempregados
Defesa da escola pública, gratuita que una teoria e prática
Emprego a todos
Salário mínimo aprovado pelas assembléias de trabalhadores, que garanta suas condições de vida
Contra a privatização na saúde
Pela ação direta como método legítimo da classe trabalhadora (greves, manifestações, ocupação, piquetes, etc), com ampla participação dos trabalhadores, juventude e desempregados.
Unidade do movimento grevista contra os ataques dos governos Dilma/PT, Rosalba/DEM e Micarla/PV.